domingo, 7 de agosto de 2016

Marchadores portugueses para o Rio: MIGUEL CARVALHO, 50 km

Miguel Carvalho. Foto: COP
Miguel Ângelo Henriques Carvalho é o mais jovem dos marchadores portugueses presentes no Rio de Janeiro e estreia-se em Jogos Olímpicos. Nasceu a 2-09-1994 (21 anos). Natural de Rio Maior, representa o Sport Lisboa e Benfica e é treinado por Jorge Miguel.

Na única vez que o jovem atleta ribatejano participou numa prova de 50 km, realizada em Leiria, em novembro do ano passado, obteve os mínimos olímpicos, com a marca de 4.00.47 h. Com este feito bateu o recorde nacional da categoria sub-23, melhorando em mais de 24 segundos a marca que o seu colega de equipa, Paulo Pires, havia estabelecido nos campeonatos nacionais de Viseu, em 1989.

Internacionalmente representou a seleção nacional, pela primeira vez, nos campeonatos mundiais de sub-18, nos 10.000 metros marcha (pista), disputados em Lille, no ano de 2011 e desde aí tem sido presença assídua em eventos internacionais.

A “O Marchador” Miguel Carvalho, amavelmente, respondeu às seguintes questões:

1 - Como tudo aconteceu e qual a sua primeira prova?

Começou tudo no Clube de Natação de Rio Maior, onde sempre foi e será a minha casa. E pela orientação do Jorge Miguel.

Comecei as minha primeiras passadas pela marcha muito novo... como infantil, mas não tenho muitas recordações dessa altura porque ainda brincava ao atletismo.. era um miúdo com uma vida muito instável tanto ia treinar como não ia... só a partir de juvenil de segundo ano/ júnior de primeiro é que comecei a treinar todos os dias com regularidade.. 

Não me lembro da minha primeira prova de marcha, mas tenho uma que me marcou muito, o meu primeiro campeonato internacional em Lille, França... saí de lá com a sensação de querer repetir aquilo tudo de novo.

E chegou então o ano 2016, um ano em que deu muitas voltas na minha vida... Mudança de clube, passei a representar o Sport Lisboa e Benfica,  no qual agora tenho outras responsabilidades. E depois os Mínimos Olímpicos.

No início da época eu e o meu treinador falámos de objetivos, e um deles era tentar fazer mínimos para os JO aos 20km de marcha, sabíamos que era difícil mas não impossível.

Mas antes desse objetivo propusemos um objetivo diferente do habitual… fazer pela primeira vez uma prova de 50km de marcha para poder bater o recorde nacional de sub-23. Mas sem pressões, fazendo a minha preparação habitual de pré-época mas com alguns km a mais.

Enfim a prova. Foi uma prova muito difícil, cheia de emoções...Não estava obcecado com os mínimos olímpicos, sabia que era possível um dia,  mas não já. Até meio da prova somente pensei em bater o recorde nacional de sub-23... mas a prova estava a correr muito bem e a meio, por volta dos 25 km, o meu treinador fez me acreditar que era possível fazer mínimos olímpicos... e foi então que com todo o apoio incondicional de todos os que estavam presentes naquele dia á volta do percurso a torcer por mim conseguiram que eu chegasse ao fim e obtivesse Mínimos Olímpicos.

2 - O segredo para o sucesso conquistado?

Acho que o meu segredo foi ter uma vida mais estável e estar ao redor de um conjunto de pessoas que me ajudaram, principalmente o meu treinador e os meus colegas de treino que foram, decerto, muito essenciais para este sucesso entre outras... Depois sim, vem a dedicação que tive de ano para ano, o sacrifício e o abdicar de algumas coisas para que pudesse chegar cada vez mais alto. O querer de me superar cada vez mais.

Mas, principalmente, acreditar no trabalho que está a ser feito em conjunto com o treinador e traçarmos os dois um só caminho. Só assim consegui aqui chegar.

3 - Quais os objetivos para o Rio de Janeiro?

Para o Rio o meu objetivo principal é acabar a minha segunda  prova de 50km e poder bater o meu recorde pessoal de 4:00:47. São os meus primeiros JO e não penso muito na classificação. Se vier uma boa classificação melhor ainda... se vier é ganho... numa prova de 50km nunca se sabe o que acontece... mas prometo dar o meu melhor e representar o nosso pais com orgulho... vai ser uma prova muito complicada, vai ser num país muito quente e húmido, onde torna muito mais difícil as condições...

Gostava de agradecer ao Jorge Miguel por ter apostado em mim e acreditar e fazer-me acreditar que é possível.